As Cruzes Brancas
Nas fronteiras da cidade
o tempo passa e para
na sombra, a brisa acolhe
o fim da guerra
Colinas recém ocupadas
por cruzes brancas que trovejam
às vezes tristes, mas iluminadas
sinal de amor pelos que morreram
a paz se tece no fim da guerra
Díli, 13/08/2023.
Aos Pés da Montanha
Dos cristais que dão brilho
ao amanhecer e à dança das folhas na brisa
roubo para mim as tuas mãos.
É quando os negros pássaros se afastam
e uma névoa de luz se aproxima,
seguida de um beijo estrelado como a noite.
E é enquanto o frio me congela
que as minhas mãos se perdem no teu cabelo em desalinho,
fazendo-me tremer dentro do teu abraço
e às negras pedras que ganham vida
nas histórias de embalar mil vezes contadas
ao colo da montanha,
onde se contam sonhos
e há estrelas cadentes
vindas dos montes e das alturas,
vindas das vozes vivas,
do relinchar dos cavalos,
do renascer das árvores,
dos sinuosos caminhos
do rumor das águas
descendo e enchendo o vale
numa singela noite de Natal
outrora escura
dilacerada
ferida
e cicatrizada.
Díli, 07/12/2022
O Dia
O dia nasce em silêncio
espreito o teu rosto
o tempo passa devagar
como um século
enquanto espero por um sorriso,
que espalha saudade
Díli, 08/07/2016
«As Cruzes Brancas’ traduzida de «Krús Mutin Sira» por Rogério Sávio Ma’averu e Ana Carolina Oliveira; «Aos Pés da Montanha» traduzido de «Husi Foho Hun» por Rogério Sávio Ma’averu e Angelino Junior. Revisado por Susana Soares e “O Dia» traduzido de «Loron» por Rogério Sávio Ma’averu e Marta Ferraz.
Pintura: Alfe RM

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